Acho que talvez por conta dos filmes que têm aparecido ultimamente nessa lista, mas por mais que soubesse em parte que era um filme mais experimental, acho que cheguei nele esperando algo com uma certa narrativa linear e acabei me frustrando um pouco pela minha própria falsa expectativa. O filme em teoria conta a história de um homem que anda por aí com uma câmera filmando acontecimentos reais, e de certo modo é isso que o filme faz, mas não espere ver as imagens que o homem está filmando, porque você provavelmente não vai, e cenas que estão sendo mostradas num momento são cortadas pra outra coisa e voltam mais adiante, numa mescla quase surrealista.
Uma coisa que me incomodou de verdade é que o filme começa falando sobre como ele não tem roteiro, nem atores, nem nada do tipo, mas isso é uma mentira. O homem que vemos ao longo do filme carregando sua câmera de um lado pro outro é um ator, irmão do diretor, por sinal. A mulher que vemos editando o filme e que também aparece em outras cenas é uma atriz, mesmo que esposa do diretor. Eles podem até não ser atores profissionais, mas eles, assim como vários outros que aparecem no filme, estão claramente agindo segundo instruções numa filmagem, o que significa que o filme tem sim atores e também roteiro.
De resto, o livro comenta sobre como o filme usa cenas uma pouco abstratas em sua montagem, mesmo que sejam cenas reais do cotidiano, para mostrar a mudança da antiga Rússia pra nova União Soviética, e realmente acho que o filme faz isso mesmo, de um jeito bem artístico, que talvez passe batido no meio da grande quantidade de coisas acontecendo, mas acho que isso até aumenta o mérito artístico do filme em vez de diminuí-lo.
Um Homem com uma Câmera
(Человек с киноаппаратом)
URSS, 1929
Direção: Dziga Vertov
Elenco:
Mikhail Kaufman
Elizaveta Svilova
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